No mundo dos investimentos, poucos livros resistem ao teste do tempo como Ações Comuns, Lucros Extraordinários (em inglês: Common Stocks and Uncommon Profits), de Philip Fisher. Publicado originalmente em 1958, o livro moldou gerações de investidores — incluindo Warren Buffett, que o chama de “um dos maiores investidores de todos os tempos”.
Mas por que esse livro é tão relevante até hoje?
A resposta está nos princípios atemporais que Fisher apresenta: investir com visão de longo prazo, buscar empresas com crescimento real e fazer análises qualitativas profundas.
Neste artigo, vamos explorar os ensinamentos centrais do livro, suas aplicações práticas e como você pode utilizá-los para alcançar lucros extraordinários com ações comuns.
Quem foi Philip Fisher?
Philip Fisher foi um dos pioneiros da escola de investimento em crescimento (growth investing). Ao contrário de Benjamin Graham (pai do “value investing”), Fisher acreditava que era possível identificar empresas com potencial de crescimento a longo prazo — desde que o investidor soubesse onde e como procurar.
Suas ideias influenciaram profundamente o modo como analisamos empresas hoje, com foco em:
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Qualidade da gestão
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Inovação contínua
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Vantagens competitivas sustentáveis
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Perspectivas de crescimento sólido
O Método Fisher de Investimento
O Foco em Ações de Crescimento
Fisher não buscava barganhas. Seu objetivo era encontrar ações de empresas excepcionais, com forte potencial de valorização no longo prazo, mesmo que elas parecessem caras hoje.
“O mercado de ações é cheio de pessoas que sabem o preço de tudo, mas o valor de nada.” – Philip Fisher
Os 15 Pontos de Fisher: Como Escolher Ações de Crescimento
O coração do livro está nos 15 critérios que Fisher usava para selecionar ações. Eles são um verdadeiro checklist de excelência empresarial.
1. Produto ou serviço com potencial de mercado suficiente
A empresa deve ter espaço para crescer e atender um mercado em expansão.
2. Capacidade de gestão para continuar inovando
Negócios que inovam continuamente sobrevivem por décadas.
3. Eficiência em P&D (pesquisa e desenvolvimento)
Investimento em inovação deve gerar retorno real.
4. Capacidade de vendas excepcional
A empresa precisa saber vender — e bem.
5. Margens de lucro fortes
Margens saudáveis são sinal de vantagens competitivas.
6. Relacionamentos lucrativos com clientes
Fidelidade e satisfação do cliente são fundamentais.
7. Vantagem competitiva durável
Se não for sustentável, não é vantagem.
8. Boa gestão de custos
Custos sob controle = maior lucratividade.
9. Excelente relação entre trabalhadores e liderança
Empresas saudáveis internamente tendem a prosperar.
10. Qualidade da liderança
Visão, ética e capacidade de execução são vitais.
11. Clareza nas finanças
Transparência contábil é sinal de integridade e saúde.
12. Foco no crescimento a longo prazo
Empresas devem priorizar reinvestimento e expansão.
13. Histórico consistente de lucros
Volatilidade nos resultados é um sinal de alerta.
14. Rendimento satisfatório sobre o capital investido
Rentabilidade sólida é o que sustenta o crescimento.
15. Honestidade e abertura com os investidores
Gestores devem tratar o acionista como sócio.
O Método do “Scuttlebutt”
Fisher introduziu o conceito de scuttlebutt, ou seja, a investigação qualitativa de uma empresa através de fontes indiretas:
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Funcionários
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Clientes
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Fornecedores
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Concorrentes
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Especialistas do setor
Esse método exige trabalho de campo, mas pode revelar informações que não aparecem em balanços ou relatórios anuais.
Compre e Mantenha (Buy and Hold)
Outro pilar da filosofia de Fisher é o longo prazo. Ele acreditava que, uma vez que você encontrasse uma empresa extraordinária, deveria:
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Comprar suas ações
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Acompanhar periodicamente os fundamentos
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Mantê-las por anos — ou décadas
Warren Buffett aplicou esse princípio com empresas como Coca-Cola, American Express e Apple.
Fisher vs. Graham: Crescimento vs. Valor
Critério | Benjamin Graham | Philip Fisher |
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Enfoque principal | Valor intrínseco/barbadas | Crescimento de longo prazo |
Tipo de empresa preferida | Subvalorizadas | Excelentes e inovadoras |
Horizonte de investimento | Médio prazo | Longo prazo |
Filosofia central | Margem de segurança | Qualidade da empresa |
Ambos são gigantes. O investidor moderno pode (e deve) unir os dois estilos.
Aplicando Fisher na Prática
Exemplo real: Apple Inc.
A Apple apresenta vários dos pontos de Fisher:
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Produto com mercado global (iPhones, serviços)
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Inovação constante (chips próprios, realidade aumentada)
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Alta margem de lucro
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Fidelidade de clientes
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Cultura empresarial forte
Mesmo quando parecia “caro”, a Apple seguiu crescendo — exatamente o que Fisher recomendaria observar.
Riscos e Cuidados
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Empresas excepcionais podem ser supervalorizadas: preço importa
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Exige análise profunda, nem sempre acessível ao investidor comum
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Necessário evitar “storytelling” exagerado de empresas da moda
Frases Memoráveis de Philip Fisher
“O mercado de ações está cheio de pessoas que sabem o preço de tudo, mas o valor de nada.”
“O tempo é o amigo das empresas extraordinárias e o inimigo das medíocres.”
“A melhor ação para comprar é aquela que você não precisa vender.”
Conclusão
Ações Comuns, Lucros Extraordinários continua sendo uma leitura essencial para qualquer investidor sério. Os ensinamentos de Philip Fisher ensinam que investir não é sobre encontrar pechinchas, mas sim sobre identificar empresas com capacidade real de crescer por décadas.
No mundo atual, onde startups surgem e desaparecem rapidamente, os princípios de Fisher oferecem um filtro poderoso e atemporal para identificar qualidade, solidez e consistência.
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